Saiba tudo sobre o enxofre na agricultura

1 - Você conhece as diferentes formas de enxofre?

SO₂, H₂S, SO₄, S₂O₂, ou ainda o S,

o enxofre se apresenta sob diversas formas na natureza. Presente na atmosfera sob a forma de dióxido de enxofre SO₂ e de sulfato de hidrogênio H₂S na água da chuva, ele é encontrado principalmente sob sua forma orgânica nos resíduos de culturas, nos efluentes animais e no solo.

⬇Esse esquema apresenta o ciclo do enxofre de modo simples⬇.

2 - Mas para que serve esse enxofre?

Componente de diversos aminoácidos, o enxofre é o elemento indispensável para a síntese das proteínas. Ele é, assim, essencial às necessidades vitais das plantas no decorrer do ciclo, inclusive para constituir as reservas de sementes.

Mas ele intervém também em diversos mecanismos. Ele é, por exemplo, necessário para a formação da clorofila e, consequentemente, desempenha um papel importante na fotossíntese. Ele também é indispensável ao bom funcionamento das nodosidades, permitindo a fixação simbiótica do nitrogênio nas leguminosas.

Mas sob sua forma orgânica mais frequente, ele não é assimilável pelas plantas.

Para ser absorvido, o enxofre orgânico deve ser oxidado pelos microrganismos do solo (bactérias oxidativas do enxofre, como os tiobacilos), que os transformam em sulfato SO₄^2-, sua forma iônica, sob a qual ele poderá ser assimilado pelas plantas.

Mas, como os nitratos (a forma assimilável do nitrogênio), os sulfatos são muito sensíveis à lixiviação.

3 - Sob que circunstância ocorre o risco de carência de enxofre?

O risco de carência de enxofre é alto em períodos frios, quando existe excesso de água, solos ácidos ou um baixo índice de matéria orgânica, solos superficiais filtrantes (o caso das areias, de matérias argilo-calcárias superficiais ou do giz), ou ainda depois das lixiviações invernais, quando a mineralização do solo é fraca.

Inclusive, as contribuições de enxofre pelas quedas atmosféricas não param de diminuir há 40 anos – o que não é necessariamente ruim, mas deve ser considerado. De um modo geral, os solos recebem, hoje, sete vezes menos enxofre que recebiam há 30 anos.

4 - Quais são as necessidades das culturas e quais são os riscos de carência?

A colza: um grande requerente de enxofre

A colza é a cultura mais exigente em enxofre e uma carência severa pode provocar quedas de produção de 15 a 20 q/ha (ou seja, de 20 a 40% do rendimento). Com as culturas forrageiras ou as leguminosas (mostarda, alfafa, trevo, gramíneas) e o repolho, a cebola ou o alho, é uma das culturais cujas necessidades de enxofre são as mais significativas, e em um lapso de tempo bem preciso: desde o início do enchimento de grãos. Ora, diversos agricultores ainda “hesitam” sobre o acréscimo de enxofre (sob sua forma mineral), acréscimos, portanto, recomendados metodicamente todos os anos (pesquisa da Terres Inovia de 2008).

Os cereais com carências em enxofre perdem em quantidade de espigas e em fertilidade

Nos cereais, uma carência se traduz pela diminuição do número de espigas por metro quadrado e o índice de fertilidade. Resultado: “As perdas vão de 2 a mais de 10 q/ha na maioria dos casos, e até 20 q/ha para as carências mais significativas”, indica Arvalis.

O milho, a beterraba e a batata apresentam necessidades mais tardias

As culturas de milho, de beterraba e de batata apresentam necessidades equivalentes às do trigo, porém mais tardias. Essas necessidades apresentam-se logo depois que as necessidades de mineralização de matérias orgânicas presentes no solo são satisfeitas. Contudo, nessas culturas também, acréscimos antes da semeadura podem trazer sementes com maiores rendimentos, em particular nos solos filtrantes ou com baixo índice de matéria orgânica.

5 - Acrescentar enxofre com efeito imediato é uma boa solução?

A aplicação de fertilizantes com enxofre que liberam a forma “com efeito imediato” pode ser privilegiada. As grandes culturas – colza, cereais de palhas, beterraba, batata, mas também as leguminosas – respondem favoravelmente a essas contribuições: sulfato de amoníaco, potássio, superfosfatos, solução nitrogenada com enxofre, ou ainda a kieserita, numerosas formas de fertilizantes com enxofre encontram-se atualmente disponíveis no mercado.

Mas fiquem atentos, o acréscimo de enxofre sob sua forma S é caro e sua ação nutricional direta é fraca. Em caso de deficiência, a Arvalis desaconselha também a aplicação de enxofre molhável do tipo Thiovit: ela apresenta uma ação um pouco lenta sobre as carências verificadas.

6 - As contribuições orgânicas representam uma solução de longo prazo

O estrume, assim como os outros corretores orgânicos, representam uma outra forma de acréscimo possível de enxofre. Esse tipo de fertilizante permite uma assimilação mais lenta do enxofre. Segundo a origem do animal, os estrumes podem conter entre 1 e 3 kg/tonas de enxofre. Os efluentes de aves são os mais ricos em enxofre (e em nitrogênio).

Nos cereais, o acréscimo de enxofre apresenta-se inútil nas parcelas que recebem acréscimos regulares de estrume há mais de 20 anos, exceto na primavera depois de invernos chuvosos ou nos solos que apresentam riscos elevados – aconselha Arvalis (um instituto técnico agrícola francês).

O enxofre não se encontra sempre presente em quantidade suficiente para as culturas muito produtivas – prevê, por sua vez, o departamento de “fertilização” do Ministério da agricultura de Ontário (Canadá). Contudo, o efeito do acréscimo de fontes comerciais de enxofre nas culturas é menos marcado quando o estrume é aplicado regularmente.

As formas SO₄ são muito sensíveis à lixiviação, as perdas são muito importantes quando a pluviometria dos meses de novembro a fevereiro é superior a 350 mm.